O TARPON
Considerado no mundo todo como um dos peixes mais esportivos do planeta, o Tarpon (Megalops atlanticus), é também conhecido em algumas regiões do nordeste do Brasil como Pirapema, Pema, Tarpão e mais especificamente em Recife como Camurupim, Camurim-pim ou simplesmente pim.
Esses peixes são pertencentes à família Megalopidae e gênero Megalops. Trata-se de uma família composta apenas por duas espécies de tarpons. Os mais conhecidos são os Megalops atlanticus, encontrados em regiões costeiras e estuarinas do Oceano Atlântico. Além disso, existem ocorrências de Tarpons no Oceano Pacífico, mais especificamente na região do Sudeste Asiático, que são os Megalops cyprinoides. Vale lembrar que esse termo “Megalops” é uma derivação do grego composta por duas palavras onde “mega” significa grande e “lops” significa olho, que remete a uma característica peculiar desses peixes que são os olhos grandes quando comparados ao tamanho de seus corpos e ao de outros peixes.
Trata-se de um oponente formidável. É um peixe valente, astuto, perspicaz, ágil e energético. Por isso que essa espécie de peixe muitas vezes leva vantagem durante a batalha com o pescador.
Características do tarpon
De um modo geral, estes peixes apresentam um aspecto bem parecido com uma grande sardinha. Seus olhos, como já
mencionado anteriormente, são grandes, típicos de peixes que utilizam muito a visão para se alimentarem. O corpo é alongado e achatado lateralmente.
Outra característica bem peculiar dos tarpons é a posição de sua boca óssea, cuja mandíbula inferior se sobressai e é voltada para cima. Isso porque grande parte de sua dieta
alimentar encontra-se mais próxima à superfície da água.
Sua nadadeira dorsal apresenta o último raio inferior bem mais alongado que os demais, de forma sobressalente e que se destaca. Já a sua nadadeira caudal é alta e possui um formato de forquilha (bifurcada), o que lhe garante maior agilidade em sua capacidade natatória.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Possuem grandes escamas de coloração bem prateadas, o que lhe confere o apelido de “rei de prata”. Já o dorso é cinza azulado variando de claro a quase preto, dependendo do habitat em que se encontra.
São considerados “baby tarpons” os indivíduos que ainda não atingiram a média dos 15 quilos, ainda que, independentemente do tamanho, são conhecidos por serem difíceis de embarcar, onde muitos pescadores alegam que a estatística de fisgada é de 10 peixes para 1 captura. Os tarpons grandes (adultos) podem chegar a 2,5 metros de comprimento total com cerca de 150 quilos de
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Esses peixes não apresentam nenhum tipo de espinhos ou esporões em suas barbatanas, sendo estas, formadas por raios macios que não agridem os seres humanos ou suas presas.
peso ou até mais. Atualmente, temos que o record mundial de tarpon embarcado registrado é de 286 libras ou aproximadamente 129 quilos, capturado na Guiné-Bissau.
Outra característica marcante nesse fascinante peixe é que ele possui a vantagem de poder se aproveitar do ar atmosférico, devido a uma adaptação de sua bexiga natatória.
Desse modo, o tarpon pode suplementar a respiração branquial, vindo à tona na superfície para “tomar” oxigênio, denunciando sua presença e direção. Essa modificação na forma de respirar garante que o tarpon possa superar condições extremamente precárias de oxigênio, bem como fazer parte do topo da cadeia alimentar de rios urbanos, como ocorre em Recife.
Além de poderem sobreviver em áreas com baixíssimo teor de oxigênio, esses peixes podem também tolerar uma ampla faixa de níveis de salinidade, havendo inclusive a presença de tarpons em reservatórios e regiões de água doce.
Ocorrência dessas espécies
Caracteriza-se como um peixe pelágico, presente principalmente em águas quentes, tropicais e subtropicais do oceano Atlântico (megalops atlanticus) tanto Ocidental como Oriental, além de sua ocorrência no Oceano Pacífico (megalops cyprinoides).
Nos Estados Unidos, essas espécies estão distribuídas em toda a Costa Leste, desde a Virgínia até a Flórida, sendo mais comumente encontrados nas águas quentes da Flórida e grande parte do Golfo do México. Descendo pelo Golfo do México também podem ser encontrados nas áreas costeiras pertencentes ao México e Cuba. Já no mar do Caribe, a ocorrência dessas espécies inclui várias ilhas como as Ilhas do Caribe, Bahamas, Ilhas Virgens, Ilhas Cayman, entre outras.
Ainda no Oceano Atlântico Ocidental os Tarpons podem ser encontrados em diversos países da América Central como Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá e também América do Sul, como Colômbia, Venezuela, Brasil, Guatemala e Suriname.
Já em relação ao Oceano Atlântico Oriental, podemos encontrar essa espécie ao longo de toda a costa oeste de África, desde o Senegal até Angola.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Imagem: Distribuição de Megalops atlanticus no Oceano Atlântico
Outra espécie de tarpon com menor distribuição e ocorrência é a Megalops cyprinoides, localizada nas águas do Oceano Pacífico, mais precisamente na região do Sudeste Asiático (Indo-Pacífico), incluindo a Tailândia, Malásia, Filipinas, Indonésia e Austrália.
Em geral, apesar dos Tarpons serem uma espécie predominantemente costeira, podem também serem encontrados em alto mar. São ainda comumente encontrados em áreas salobras, como estuários, manguezais, nos canais e áreas mais rasas que ficam cobertas durante as marés cheias, acompanhando o movimento das marés.
Hábitos Alimentares
Primeiramente, vale destacar que os tarpons são predadores carnívoros e oportunistas, e seu hábito alimentar pode ser variado conforme a disponibilidade de presas e das condições sazonais do ambiente ao qual esteja inserido.
De modo global, entende-se que os tarpons possuem preferência por pequenas presas, o que inicialmente surpreende a muitos pescadores que passam a se interessar mais na busca por essa espécie. Isso pois é um peixe que atinge grandes portes, além de possuir uma boca muito grande quando comparada a outras espécies, fazendo com que muitos pescadores pensem que o ideal seja utilizar iscas grandes para capturar grandes tarpons.
Embora comumente mais efetivas, a utilização de pequenas iscas nem sempre é uma regra, pois, como já falado, sua dieta oportunista depende diretamente da disponibilidade e ocorrência de alimento em determinado local, por isso é importante investigar a ocorrência sazonal de suas presas para entender melhor a dieta desses peixes em cada ambiente.
Uma das características mais distintivas desses peixes envolvendo seu hábito alimentar é a utilização da visão e a capacidade de se alimentar na superfície e águas rasas. Utilizam muito a técnica de emboscadas, aplicando velocidade e força para capturar suas presas. Sua popularidade entre os pescadores esportivos se dá também pelo tamanho da “explosão” que podem realizar na superfície ao atacar suas presas e cardumes de peixes.
Grande parte do seu cardápio inclui pequenos peixes como sardinhas, arenques e manjubas. Peixes maiores como as sardinhas, tainhas, saunas e anchovas também são amplamente apreciados por tarpons de médio e grande porte.
Imagem: Exemplar de Tainha.
Imagem: Arenque, presa comum dos Tarpons.
Além dos peixes, estão presentes em sua dieta alimentar diversos ti pos de crustáceos, como camarões e caranguejos, comumente encontrados nos estuários e manguezais, além de toda a zona costeira.
Como predadores oportunistas que são, podem também se alimentar de uma grande variedade de invertebrados, como os cefalópodes (polvos e lulas) e moluscos (mariscos). Se alimentam inclusive de Poliquetas, conhecidos como “Palolo worm”.
Existem ainda relatos de tarpons se alimentarem de pequenas aves. De fato, estas não são sua principal fonte de alimento, porém é uma ocorrência rara que pode ocorrer quando essas pequenas aves pousam na água, estando susceptíveis aos ataques desses peixes.
Da mesma forma que podem ser versáteis em relação à suas presas, esses peixes possuem total capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e explorar diversos locais de alimentação. Podendo se alimentarem em águas rasas, estuários, manguezais rios, lagoas e até mesmo em mares abertos, a depender da sazonalidade e disponibilidade alimentícia de cada local.
Comportamento
É impossível se falar em Tarpons e não lembrar de um de seu comportamento mais característico, que é o movimento de subir à tona na superfície para “tomar ar”, que são os chamados “rollings”.
Os tarpons possuem essa capacidade de suprir sua demanda por oxigênio através da captura superficial do ar atmosférico devido a uma especialidade e adaptação em sua bexiga natatória, que lhe confere a capacidade de sobrevivência e tolerância em águas com baixíssimos níveis de oxigênio dissolvido. Outro comportamento muito lembrado são os saltos espetaculares e acrobáticos que lhe conferem o título de um dos peixes mais esportivos do mundo. Esses peixes saltam incrivelmente a consideráveis alturas fora da água, não somente quando são fisgados, mas também quando estão caçando suas presas na superfície. Vale lembrar que a forma com que saltam é um dos fatores primordiais para estarem entre as espécies esportivas mais cobiçadas entre os pescadores esportivos.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Imagem: Movimento de respirar na superfície, chamando de ''rolling''.
Outro comportamento muito lembrado são os saltos espetaculares e acrobáticos que lhe conferem o título de um dos peixes mais esportivos do mundo. Esses peixes saltam incrivelmente a consideráveis alturas fora da água, não somente quando são fisgados, mas também quando estão caçando suas presas na superfície. Vale lembrar que a forma com que saltam é um dos fatores primordiais para estarem entre as espécies esportivas mais cobiçadas entre os pescadores esportivos.
Imagem: Os Tarpons e seus fascinantes saltos acrobáticas
São peixes que costumam estar encardumados, principalmente nos períodos de desova. Esse hábito de se mover em cardumes lhes assegura maior proteção contra predadores, facilita também e execução de sua técnica de emboscadas na busca por suas presas. Sabe-se ainda que os tarpons podem se organizar em uma espécie de hierarquia social, demonstrando comportamentos de exibição para estabelecer a dominância.
De acordo com o tamanho e idade, tarpons maiores e mais velhos podem ser compreendidos como dominantes em relação aos outros indivíduos menores e mais jovens. Esse comportamento ainda precisa ser melhor entendido e embasado em pesquisas, mas acredita-se que isso ocorra devido a experiências adquiridas ao longo do tempo somado ao tamanho corporal dos indivíduos maiores, conferindo vantagens em termos de força e competição por alimentos.
Realizam também períodos migratórios, sendo notória a sua capacidade de percorrer longas distâncias para alcançar áreas costeiras e estuários em busca de condições ideais para seu período reprodutivo e alimentação.
Importância dessas espécies
Em se tratando de ecologia e biodiversidade, os tarpons desempenham função fundamental na ecologia costeira e estuarina como predadores de topo de cadeia alimentar, colaborando no controle da superpopulação de suas presas, estabelecendo maior equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.
Na pesca esportiva, é sabido de seu papel extremamente significativo no desenvolvimento da economia local e geração de renda das mais diversas formas. A presença desses peixes em determinados locais pode atrair turistas e pescadores do mundo todo que irão gastar com os mais diversos serviços agregados à pesca, tais como deslocamento, hospedagem, alimentação e a contratação de guias locais. Os benefícios para uma comunidade local são diversos, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento econômico local.
Na ciência, os tarpons também possuem grande valor. O estudo de sua biologia, padrões comportamentais e migrações amplia o conhecimento científico a respeito de ecossistemas costeiros e estuarinos, a evolução das espécies e as interações entre peixes migradores e o ambiente em que estão inseridos. São essas as informações que reforçam o desenvolvimento de estratégias eficazes para a compreensão e conservação geral dos organismos aquáticos.
Dada a sua importância ecológica, econômica e científica, a conservação dessas espécies acaba sendo de grande interesse para a população e as autoridades, uma vez que a preservação de seus habitats costeiros e estuados para a ser essencial para garantir a reprodução e perpetuação desses peixes.
Na Flórida, por exemplo, existem uma série de regulamentações e restrições em relação a captura e abate dessas espécies. É preciso também adquirir uma licença de pesca válida para prática de pesca esportiva desses peixes. O controle e monitoramento dessas espécies é tanto que existem algumas “tags” de marcação para serem fixadas nos peixes antes de serem liberados novamente para a água.
Aqui no Brasil, embora ainda pouco divulgado e muito menos fiscalizado, também possuímos a Portaria 445 do Ibama. Essa portaria, dentre outras atribuições, obriga a proteção dos tarpons no brasil de forma integral, proibindo a sua captura, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização.
Como pescar tarpon no Recife
As técnicas de captura dos tarpons podem variar dependendo do dia, da maré, ações dos ventos, estruturas, profundidade, entre outros.
Em Recife, nos estuários e manguezais, num mesmo dia é possível pescá-los em meio às galhadas, nos pilares das pontes, no meio do rio, canais ou raseiros próximo às margens.
Para essas maneiras, os arremessos podem ser direcionados de forma visual (quando é possível visualizar o seu trajeto no momento em que sobem para respirar) ou arremessando às cegas, como dizemos por aqui.
Os tarpons também irão apresentar diferentes comportamentos quando sobem para respirar. Alguns irão subir bem depressa, mostrando apenas um pouco da cauda e jogando um pouco de água para cima. Outros irão subir mais devagar, mostrando seu dorso, nadadeira e a parte superior de sua cauda. O mais esperado é que subam dessa maneira, pois assim denunciam sua posição e também é dado mais tempo para que o pescador reconheça sua direção e arremessar sua isca na posição correta (por volta de 1 metro à frente). Normalmente quando sobem devagar assim estão em momento de caça.
A depender da maré e comportamento dos tarpons, o trabalho deverá ser lento, porém, de forma constante. Em outros casos, pode-se trabalhar de forma mais rápida, sempre constante. Em lugares mais rasos, pode-se e recomenda-se utilizar iscas de superfície. Os poppers podem ser trabalhados com toques revigorantes e de forma pausada.
Normalmente os tarpons atacam mais de uma vez quando erram o bote, portanto, aconselha-se continuar o trabalho da isca em caso de o peixe errar o bote.
Existem pontos e momentos em que o peixe não estará subindo com tanta frequência, portanto, uma pescaria de galhada pode ser a solução. Arremessos precisos nas galhadas e trabalhos lentos podem fazer a diferença. Nesses momentos em que não se vê muitos peixes respirando na superfície, pode-se também procurá-los mais ao fundo, deixando a isca “jogar” de forma lenta mais próximo do fundo de canais.
Outra opção de pescaria não muito praticada, mas que pode trazer bons resultados é a pescaria de corrico (trolling), podendo ser utilizados jigs, shads ou plugs de barbela.
Onde pescar tarpon conosco
Atualmente, num raio de 200 km de distância ao redor da região metropolitana de Recife, possuímos mais de 7 destinos com chances reais de fisgar um tarpon no nordeste brasileiro. São destinos variados que incluem pesca em rios, barras e mares.
Confira cada um desses destinos aqui.
O TARPON
Considerado no mundo todo como um dos peixes mais esportivos do planeta, o Tarpon (Megalops atlanticus), é também conhecido em algumas regiões do nordeste do Brasil como Pirapema, Pema, Tarpão e mais especificamente em Recife como Camurupim, Camurim-pim ou simplesmente pim.
Esses peixes são pertencentes à família Megalopidae e gênero Megalops. Trata-se de uma família composta apenas por duas espécies de tarpons. Os mais conhecidos são os Megalops atlanticus, encontrados em regiões costeiras e estuarinas do Oceano Atlântico. Além disso, existem ocorrências de Tarpons no Oceano Pacífico, mais especificamente na região do Sudeste Asiático, que são os Megalops cyprinoides. Vale lembrar que esse termo “Megalops” é uma derivação do grego composta por duas palavras onde “mega” significa grande e “lops” significa olho, que remete a uma característica peculiar desses peixes que são os olhos grandes quando comparados ao tamanho de seus corpos e ao de outros peixes.
Trata-se de um oponente formidável. É um peixe valente, astuto, perspicaz, ágil e energético. Por isso que essa espécie de peixe muitas vezes leva vantagem durante a batalha com o pescador.
Características do tarpon
De um modo geral, estes peixes apresentam um aspecto bem parecido com uma grande sardinha. Seus olhos, como já
mencionado anteriormente, são grandes, típicos de peixes que utilizam muito a visão para se alimentarem. O corpo é alongado e achatado lateralmente.
Outra característica bem peculiar dos tarpons é a posição de sua boca óssea, cuja mandíbula inferior se sobressai e é voltada para cima. Isso porque grande parte de sua dieta
alimentar encontra-se mais próxima à superfície da água.
Sua nadadeira dorsal apresenta o último raio inferior bem mais alongado que os demais, de forma sobressalente e que se destaca. Já a sua nadadeira caudal é alta e possui um formato de forquilha (bifurcada), o que lhe garante maior agilidade em sua capacidade natatória.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Possuem grandes escamas de coloração bem prateadas, o que lhe confere o apelido de “rei de prata”. Já o dorso é cinza azulado variando de claro a quase preto, dependendo do habitat em que se encontra.
São considerados “baby tarpons” os indivíduos que ainda não atingiram a média dos 15 quilos, ainda que, independentemente do tamanho, são conhecidos por serem difíceis de embarcar, onde muitos pescadores alegam que a estatística de fisgada é de 10 peixes para 1 captura. Os tarpons grandes (adultos) podem chegar a 2,5 metros de comprimento total com cerca de 150 quilos de
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Esses peixes não apresentam nenhum tipo de espinhos ou esporões em suas barbatanas, sendo estas, formadas por raios macios que não agridem os seres humanos ou suas presas.
peso ou até mais. Atualmente, temos que o record mundial de tarpon embarcado registrado é de 286 libras ou aproximadamente 129 quilos, capturado na Guiné-Bissau.
Outra característica marcante nesse fascinante peixe é que ele possui a vantagem de poder se aproveitar do ar atmosférico, devido a uma adaptação de sua bexiga natatória.
Desse modo, o tarpon pode suplementar a respiração branquial, vindo à tona na superfície para “tomar” oxigênio, denunciando sua presença e direção. Essa modificação na forma de respirar garante que o tarpon possa superar condições extremamente precárias de oxigênio, bem como fazer parte do topo da cadeia alimentar de rios urbanos, como ocorre em Recife.
Além de poderem sobreviver em áreas com baixíssimo teor de oxigênio, esses peixes podem também tolerar uma ampla faixa de níveis de salinidade, havendo inclusive a presença de tarpons em reservatórios e regiões de água doce.
Ocorrência dessas espécies
Caracteriza-se como um peixe pelágico, presente principalmente em águas quentes, tropicais e subtropicais do oceano Atlântico (megalops atlanticus) tanto Ocidental como Oriental, além de sua ocorrência no Oceano Pacífico (megalops cyprinoides).
Nos Estados Unidos, essas espécies estão distribuídas em toda a Costa Leste, desde a Virgínia até a Flórida, sendo mais comumente encontrados nas águas quentes da Flórida e grande parte do Golfo do México. Descendo pelo Golfo do México também podem ser encontrados nas áreas costeiras pertencentes ao México e Cuba. Já no mar do Caribe, a ocorrência dessas espécies inclui várias ilhas como as Ilhas do Caribe, Bahamas, Ilhas Virgens, Ilhas Cayman, entre outras.
Ainda no Oceano Atlântico Ocidental os Tarpons podem ser encontrados em diversos países da América Central como Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá e também América do Sul, como Colômbia, Venezuela, Brasil, Guatemala e Suriname.
Já em relação ao Oceano Atlântico Oriental, podemos encontrar essa espécie ao longo de toda a costa oeste de África, desde o Senegal até Angola.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Imagem: Distribuição de Megalops atlanticus no Oceano Atlântico
Outra espécie de tarpon com menor distribuição e ocorrência é a Megalops cyprinoides, localizada nas águas do Oceano Pacífico, mais precisamente na região do Sudeste Asiático (Indo-Pacífico), incluindo a Tailândia, Malásia, Filipinas, Indonésia e Austrália.
Em geral, apesar dos Tarpons serem uma espécie predominantemente costeira, podem também serem encontrados em alto mar. São ainda comumente encontrados em áreas salobras, como estuários, manguezais, nos canais e áreas mais rasas que ficam cobertas durante as marés cheias, acompanhando o movimento das marés.
Hábitos Alimentares
Primeiramente, vale destacar que os tarpons são predadores carnívoros e oportunistas, e seu hábito alimentar pode ser variado conforme a disponibilidade de presas e das condições sazonais do ambiente ao qual esteja inserido.
De modo global, entende-se que os tarpons possuem preferência por pequenas presas, o que inicialmente surpreende a muitos pescadores que passam a se interessar mais na busca por essa espécie. Isso pois é um peixe que atinge grandes portes, além de possuir uma boca muito grande quando comparada a outras espécies, fazendo com que muitos pescadores pensem que o ideal seja utilizar iscas grandes para capturar grandes tarpons.
Embora comumente mais efetivas, a utilização de pequenas iscas nem sempre é uma regra, pois, como já falado, sua dieta oportunista depende diretamente da disponibilidade e ocorrência de alimento em determinado local, por isso é importante investigar a ocorrência sazonal de suas presas para entender melhor a dieta desses peixes em cada ambiente.
Uma das características mais distintivas desses peixes envolvendo seu hábito alimentar é a utilização da visão e a capacidade de se alimentar na superfície e águas rasas. Utilizam muito a técnica de emboscadas, aplicando velocidade e força para capturar suas presas. Sua popularidade entre os pescadores esportivos se dá também pelo tamanho da “explosão” que podem realizar na superfície ao atacar suas presas e cardumes de peixes.
Grande parte do seu cardápio inclui pequenos peixes como sardinhas, arenques e manjubas. Peixes maiores como as sardinhas, tainhas, saunas e anchovas também são amplamente apreciados por tarpons de médio e grande porte.
Imagem: Exemplar de Tainha.
Imagem: Arenque, presa comum dos Tarpons.
Além dos peixes, estão presentes em sua dieta alimentar diversos ti pos de crustáceos, como camarões e caranguejos, comumente encontrados nos estuários e manguezais, além de toda a zona costeira.
Como predadores oportunistas que são, podem também se alimentar de uma grande variedade de invertebrados, como os cefalópodes (polvos e lulas) e moluscos (mariscos). Se alimentam inclusive de Poliquetas, conhecidos como “Palolo worm”.
Existem ainda relatos de tarpons se alimentarem de pequenas aves. De fato, estas não são sua principal fonte de alimento, porém é uma ocorrência rara que pode ocorrer quando essas pequenas aves pousam na água, estando susceptíveis aos ataques desses peixes.
Da mesma forma que podem ser versáteis em relação à suas presas, esses peixes possuem total capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e explorar diversos locais de alimentação. Podendo se alimentarem em águas rasas, estuários, manguezais rios, lagoas e até mesmo em mares abertos, a depender da sazonalidade e disponibilidade alimentícia de cada local.
Comportamento
É impossível se falar em Tarpons e não lembrar de um de seu comportamento mais característico, que é o movimento de subir à tona na superfície para “tomar ar”, que são os chamados “rollings”.
Os tarpons possuem essa capacidade de suprir sua demanda por oxigênio através da captura superficial do ar atmosférico devido a uma especialidade e adaptação em sua bexiga natatória, que lhe confere a capacidade de sobrevivência e tolerância em águas com baixíssimos níveis de oxigênio dissolvido. Outro comportamento muito lembrado são os saltos espetaculares e acrobáticos que lhe conferem o título de um dos peixes mais esportivos do mundo. Esses peixes saltam incrivelmente a consideráveis alturas fora da água, não somente quando são fisgados, mas também quando estão caçando suas presas na superfície. Vale lembrar que a forma com que saltam é um dos fatores primordiais para estarem entre as espécies esportivas mais cobiçadas entre os pescadores esportivos.
Imagem by Rafael Marques / @Rafaekbn
Imagem: Movimento de respirar na superfície, chamando de ''rolling''.
Outro comportamento muito lembrado são os saltos espetaculares e acrobáticos que lhe conferem o título de um dos peixes mais esportivos do mundo. Esses peixes saltam incrivelmente a consideráveis alturas fora da água, não somente quando são fisgados, mas também quando estão caçando suas presas na superfície. Vale lembrar que a forma com que saltam é um dos fatores primordiais para estarem entre as espécies esportivas mais cobiçadas entre os pescadores esportivos.
Imagem: Os Tarpons e seus fascinantes saltos acrobáticas
São peixes que costumam estar encardumados, principalmente nos períodos de desova. Esse hábito de se mover em cardumes lhes assegura maior proteção contra predadores, facilita também e execução de sua técnica de emboscadas na busca por suas presas. Sabe-se ainda que os tarpons podem se organizar em uma espécie de hierarquia social, demonstrando comportamentos de exibição para estabelecer a dominância.
De acordo com o tamanho e idade, tarpons maiores e mais velhos podem ser compreendidos como dominantes em relação aos outros indivíduos menores e mais jovens. Esse comportamento ainda precisa ser melhor entendido e embasado em pesquisas, mas acredita-se que isso ocorra devido a experiências adquiridas ao longo do tempo somado ao tamanho corporal dos indivíduos maiores, conferindo vantagens em termos de força e competição por alimentos.
Realizam também períodos migratórios, sendo notória a sua capacidade de percorrer longas distâncias para alcançar áreas costeiras e estuários em busca de condições ideais para seu período reprodutivo e alimentação.
Importância dessas espécies
Em se tratando de ecologia e biodiversidade, os tarpons desempenham função fundamental na ecologia costeira e estuarina como predadores de topo de cadeia alimentar, colaborando no controle da superpopulação de suas presas, estabelecendo maior equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.
Na pesca esportiva, é sabido de seu papel extremamente significativo no desenvolvimento da economia local e geração de renda das mais diversas formas. A presença desses peixes em determinados locais pode atrair turistas e pescadores do mundo todo que irão gastar com os mais diversos serviços agregados à pesca, tais como deslocamento, hospedagem, alimentação e a contratação de guias locais. Os benefícios para uma comunidade local são diversos, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento econômico local.
Na ciência, os tarpons também possuem grande valor. O estudo de sua biologia, padrões comportamentais e migrações amplia o conhecimento científico a respeito de ecossistemas costeiros e estuarinos, a evolução das espécies e as interações entre peixes migradores e o ambiente em que estão inseridos. São essas as informações que reforçam o desenvolvimento de estratégias eficazes para a compreensão e conservação geral dos organismos aquáticos.
Dada a sua importância ecológica, econômica e científica, a conservação dessas espécies acaba sendo de grande interesse para a população e as autoridades, uma vez que a preservação de seus habitats costeiros e estuados para a ser essencial para garantir a reprodução e perpetuação desses peixes.
Na Flórida, por exemplo, existem uma série de regulamentações e restrições em relação a captura e abate dessas espécies. É preciso também adquirir uma licença de pesca válida para prática de pesca esportiva desses peixes. O controle e monitoramento dessas espécies é tanto que existem algumas “tags” de marcação para serem fixadas nos peixes antes de serem liberados novamente para a água.
Aqui no Brasil, embora ainda pouco divulgado e muito menos fiscalizado, também possuímos a Portaria 445 do Ibama. Essa portaria, dentre outras atribuições, obriga a proteção dos tarpons no brasil de forma integral, proibindo a sua captura, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização.
Como pescar tarpon no Recife
As técnicas de captura dos tarpons podem variar dependendo do dia, da maré, ações dos ventos, estruturas, profundidade, entre outros.
Em Recife, nos estuários e manguezais, num mesmo dia é possível pescá-los em meio às galhadas, nos pilares das pontes, no meio do rio, canais ou raseiros próximo às margens.
Para essas maneiras, os arremessos podem ser direcionados de forma visual (quando é possível visualizar o seu trajeto no momento em que sobem para respirar) ou arremessando às cegas, como dizemos por aqui.
Os tarpons também irão apresentar diferentes comportamentos quando sobem para respirar. Alguns irão subir bem depressa, mostrando apenas um pouco da cauda e jogando um pouco de água para cima. Outros irão subir mais devagar, mostrando seu dorso, nadadeira e a parte superior de sua cauda. O mais esperado é que subam dessa maneira, pois assim denunciam sua posição e também é dado mais tempo para que o pescador reconheça sua direção e arremessar sua isca na posição correta (por volta de 1 metro à frente). Normalmente quando sobem devagar assim estão em momento de caça.
A depender da maré e comportamento dos tarpons, o trabalho deverá ser lento, porém, de forma constante. Em outros casos, pode-se trabalhar de forma mais rápida, sempre constante. Em lugares mais rasos, pode-se e recomenda-se utilizar iscas de superfície. Os poppers podem ser trabalhados com toques revigorantes e de forma pausada.
Normalmente os tarpons atacam mais de uma vez quando erram o bote, portanto, aconselha-se continuar o trabalho da isca em caso de o peixe errar o bote.
Existem pontos e momentos em que o peixe não estará subindo com tanta frequência, portanto, uma pescaria de galhada pode ser a solução. Arremessos precisos nas galhadas e trabalhos lentos podem fazer a diferença. Nesses momentos em que não se vê muitos peixes respirando na superfície, pode-se também procurá-los mais ao fundo, deixando a isca “jogar” de forma lenta mais próximo do fundo de canais.
Outra opção de pescaria não muito praticada, mas que pode trazer bons resultados é a pescaria de corrico (trolling), podendo ser utilizados jigs, shads ou plugs de barbela.
Onde pescar tarpon conosco
Atualmente, num raio de 200 km de distância ao redor da região metropolitana de Recife, possuímos mais de 7 destinos com chances reais de fisgar um tarpon no nordeste brasileiro. São destinos variados que incluem pesca em rios, barras e mares.
Confira cada um desses destinos aqui.