A PESCA NO RIO IPOJUCA EM PORTO DE GALINHAS-PE
Falar do rio Ipojuca me faz recordar de minhas primeiras expedições ainda de caiaque, explorando seu potencial e pontos de pesca. Naquele tempo, em 2013, eu não imaginava a quantidade de alegrias que este rio poderia proporcionar.
Eu sempre digo que a pesca no Rio Ipojuca funciona como uma caixinha de surpresas. No decorrer de muitas pescarias, me custou um bom tempo para entender melhor a dinâmica de marés e horários mais propícios para se pescar neste rio. Isso porque muitas vezes me baseava na dinâmica e conhecimento aplicado em outros rios, como o Capibaribe, pescando em períodos e marés pouco eficientes.
Hoje, já com uma grande quantidade de pescarias realizadas com sucesso e mais conhecimento do local, temos garantido momentos inesquecíveis na memória de muitos pescadores que se aventuraram em conhecer mais uma opção de destino de pesca de tarpons.
Por se tratar de um rio que foge de nossa temática de pesca urbana, o cenário local proporciona sensação de maior integração com a natureza e o ecossistema de manguezais do Nordeste, garantindo experiências incríveis de pesca.
Onde Fica o Rio Ipojuca
O trecho onde se concentra a nossa atividade de pesca, já próximo da desembocadura, está localizado em Nossa Senhora do Ó, Município de Ipojuca, Pernambuco. O grande atrativo dessa região é a praia de Porto de Galinhas, distante a menos de 10km do acesso ao rio. Por isso a pescaria nesse destino se torna uma boa opção para quem esteja hospedado nas proximidades de Porto de Galinhas, litoral Sul.
Link de localização: https://goo.gl/maps/YGFWxXFhgqtjxtVk9
Cenário peculiar e agradável do Rio Ipojuca
O rio Ipojuca possui um cenário peculiar e agradável em torno de suas margens, um pouco distinto de outros rios da região. Isso porque é notória a diferença entre os cenários naturais ao longo de seus contornos e distribuição.
Ao chegar na rampa de acesso, é possível notar um rio com características de água doce, com vegetações típicas, incluindo quantidade de árvores frutíferas, exatamente por essa ser uma zona de maior influência da água doce que vem das cabeceiras. O rio também é bem estreito nessa parte. Por vezes, é possível avistar alguns tarpons nessa região de maior influência da água doce.
Descendo o rio, pode-se perceber uma zona de transição entre esse tipo de vegetação e árvores de mangues, típicas de água salobra. O Rio passa a ficar mais largo e é maior a incidência de tarpons se movimentando na superfície.
Já mais próximo da barra e desembocadura do rio, o rio adquire proporções mais largas, rodeado por manguezais, bancos de areias e estruturas para os peixes se concentrarem. Possui também alguns braços de mangues com incidência de robalos.
Localizado um pouco mais distante das grandes cidades, o rio Ipojuca possui aspectos bem mais preservados, sem edificações e monumentos à vista, dando a impressão de se pescar em um ambiente mais remoto.
É um rio utilizado para pesca de subsistência e extração de mariscos pela população ribeirinha, sem ocorrência de tráfego de embarcações de pesca ou passeios, como lanchas e jet skis, tornando um ambiente muito agradável e silencioso.
Braços de rio, afluentes e desembocadura
O Rio Ipojuca possui ao longo de seu curso, alguns braços de rio e pequenos afluentes interligados, sendo o maior deles, o Rio Merepe. Por vezes, também é possível encontrar tarpons e robalos no Rio Merepe.
Sua desembocadura ocorre na Praia de Muro Alto, conhecida por suas piscinas naturais e águas cristalinas. Essa praia é o “quintal” de famosos resorts da região, portanto, uma área segura, bem conservada e própria para banho. É possível o deslocamento embarcado durante a pescaria para a praia de Muro Alto, podendo inclusive conciliar um banho de mar num intervalo de pesca de tarpons.
Espécies e tamanhos de peixes
As espécies mais comuns são os tarpons (conhecido como pirapema na região) com média de 2 a 7 kgs, existindo chances reais de fisgar exemplares entre 10 a 17kg.
Os robalos também podem ser capturados nas galhadas com indivíduos em média de até 1 kg e nos canais profundos, podendo superar o peso de 5 kg.
A pescaria no Rio Ipojuca
A pescaria é feita em maior parte de forma embarcada, ainda que ocasionalmente exista a possibilidade de desembarcar em alguns pontos e experimentar alguns arremessos realizando vadeio com o pé na areia no período de maré seca.
O foco principal são os tarpons (camurupins), onde é possível, na maioria das vezes, avistá-los fazendo movimentos na superfície (rollings).
Quando não estão demonstrando movimentos na superfície com muita frequência, os tarpons podem ser encontrados rente às galhadas e pontos estratégicos, por isso os métodos de pesca podem mudar em relação ao comportamento dos peixes.
É possível também capturar robalos (snooks) nas galhadas e estruturas submersas, dependendo da turbidez da água. Outra opção é capturá-los em canais mais profundos próximo da barra com a utilização de iscas de fundo como jig heads e pindoca.
Equipamentos utilizados no Ipojuca
Equipamentos de Fly (pesca com mosca):
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Varas de numeração entre #8 e 9#, com 8’ a 10’ de comprimento e preferencialmente de ações média-rápida;
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Linhas flutuantes (floatings) ou intermediárias (intermediate);
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Líderes de Fluorcarbono de 50 a 60 libras, podendo ser inteiriços (sem nós);
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Moscas Pequenas como streamers e clousers, além de poppers e divers.
Equipamentos de Baitcasting (carretilha ou molinetes):
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Varas de comprimento entre 5’ a 6’, de preferência ação média-rápida;
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Carretilhas de perfil baixo com capacidade de 100m de linha multifilamento;
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Molinetes entre 2500 a 3500, com boa capacidade de linha multifilamento;
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Linhas Multifilamento de 30 libras;
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Líder Fluorcarbono de 40 a 60 libras;
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Pequenas iscas artificiais, de preferência com no máximo 10 cm;
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Iscas de meia água, poppers e sticks
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Pequenos jigs, shads e até mesmo camarões de jig heads.
Dinâmica do Rio Ipojuca
A dinâmica de marés e fases da Lua exercem forte influência na atividade dos peixes deste rio. Diferentemente do Rio Capibaribe e de outros rios da região, o período de atividade dos tarpons acontece no final da vazante e o início da enchente, com os peixes acompanhando o movimento das águas. Muitas vezes o peixe passa a adentrar o rio acompanhando a água que vem do mar quando a maré passa a subir.
Depois que o rio recebe boa quantidade de água que vem do mar e as raízes de mangue estão cobertas, os peixes se dispersam e é muito raro haver alguma atividade no período de maré cheia. Por isso recomendamos consultar o guia e programar a pescaria para os melhores horários de maré. Vale salientar que este rio possui considerável atraso de maré em relação a tábua de marés oficial.
Sazonalidade da Pesca
O Rio Ipojuca é um rio sensível em relação às chuvas. Por haver forte influência da água doce que vem das cabeceiras e possuir fundo de barro, é um rio cuja água pode ficar com coloração barrenta com certa facilidade após episódio de chuvas.
Por esse motivo indicamos que a pesca seja feita no período de verão e meses mais quentes, quando a ocorrência de chuvas é menor. Os meses mais indicados para um bom resultado nesse rio compreendem os meses de Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março.
Se pretende visitar esta região nos outros meses do ano, existem outros pontos de pesca que valem a pena explorar.