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Foto do escritorEverton Pires

Éverton Pires: Minha Trajetória na Pesca

Primeiramente, a proposta de criação desse blog consiste principalmente na narrativa de vivências e atividades cotidianas relacionadas ao meu trabalho como guia de pesca profissional especializado em pesca com mosca (Fly Fishing), assim como compartilhar informações técnicas úteis adquiridas ao longo das experiências vividas na prática.


Começando por me apresentar, para quem ainda não me conhece, meu nome é Éverton Pires. Atualmente, no ano de 2024 estou com 33 anos de idade, casado e residindo há 13 anos na cidade de Recife, Pernambuco, a qual tive meu primeiro e inesquecível contato com meu peixe favorito, o Tarpon (megalops atlanticus), conhecido em nossa região como Camurupim ou Pema.


Trabalho ativamente como guia profissional de pesca esportiva, sendo Engenheiro de Pesca por formação universitária (UFRPE), Aquaviário pela Marinha do Brasil e fundador da operação de pesca esportiva Recife Tarpon.


A Origem da Minha Paixão pela Pesca

A primeira pescaria com 4 anos de idade em um pesque e pague

Nascido e criado no interior de São Paulo, na cidade de Campinas-SP, tive meus primeiros contatos com a pesca já desde pequeno, por volta dos meus 4 anos de idade

 

Num belo dia, meu pai que não tinha qualquer hábito de pescar, me levou a um “Pesque & Pague” no interior de São Paulo. Pescando com varinha de mão e utilizando massinha como isca, me lembro até hoje que após sentir a emoção e adrenalina de capturar meu primeiro peixe de maior porte (um Pacu na varinha de mão), já não parei mais de pescar até os dias de hoje, buscando sempre o aprimoramento e evolução na prática desse esporte fantástico.

Pescando com minha mãe

Apesar de meus pais não possuírem o hábito de praticar a pesca em si, eles sempre gostaram muito de viajar, e desde então, pesquisavam sempre por lugares em que eu pudesse realizar tal prática entre uma viagem ou passeio de final de semana.


Minha irmã conta que por alguns momentos de nossa infância, esse costume chegou ao ponto de gerar ciúmes da parte dela, uma vez que todos os nossos passeios e viagens de família passaram a incluir praias, rios, lagos, pesqueiros e tudo mais que incluísse água e peixes para que eu pudesse pescar.

Pescando com meu pai

Não apenas pelo fato de capturar peixes e pela pesca em si, mas todo esse movimento me despertou um sentimento de profunda gratidão pelos meus pais terem sempre buscado e propiciado essas viagens, pois muito além de pescar, sempre estivemos viajando e passeando por ambientes saudáveis, sempre envoltos por muita natureza, possibilitando que contemplássemos tantas paisagens que permanecem gravadas até hoje na memória.


Sabemos que a grande maioria de pessoas começaram a pescar por influência do pai ou muitas vezes do avô. É muito comum me perguntarem se algum familiar me influenciou na pesca. Por mais que meu pai não tomou gosto pela pesca em si, ele sempre me deu suporte e me levava para pescar, então eu o considero o precursor de tudo isso.


Ainda assim eu me pergunto como posso ter adquirido tamanha paixão por esse esporte, uma vez que ainda tão pequeno não havia quem ou algo que eu pudesse observar e fizesse despertar em mim algum interesse em realizar tal atividade. 


De certa forma eu penso que isso pode estar no sangue. Não pude conhecer meu avô Rubens ainda em vida nessa passagem pela Terra, mas sabendo que ele gostava de pescar, acredito que esse gosto pela pesca possa também ter vindo através dele como uma forma de herança genética.


Também tive alguns tios como o Alex e o Wladimir que gostavam de pescar periodicamente, e assim me levavam junto com meu primo para algumas pescarias em rios e lagos do interior de São Paulo, incentivando ainda mais a prática desse lazer.


Meu Primeiro Equipamento de Pesca

Pescando no Círculo Militar de Campinas

Devo ter ganhado o meu primeiro equipamento de carretilha e iscas artificiais (baitcasting) por volta dos meus 11 anos de idade e, logo em seguida, nos associamos no Círculo Militar de Campinas, onde eu ia praticamente todos os dias de bicicleta após as aulas passar toda a tarde pescando, muitas vezes até anoitecer. 


Ali eu passava horas pescando traíras com iscas artificiais. Muitas das vezes enquanto contornava toda a margem do lago arremessando as iscas artificiais, deixava outras duas varas de molinete armadas para pescar outros peixes como tambaquis e matrinxãs. No final da tarde era “de Lei” deixar uma vara de molinete de espera no suporte com iscas vivas para capturar surubins (cacharas).


Com o passar dos anos, fui cada vez mais aprimorando as técnicas e passando pelas mais diversas modalidades e equipamentos. Considero que já pesquei de tudo um pouco, desde linha de mão, varinha de bambu, passando por molinetes e carretilhas até chegar na modalidade de pesca com mosca (Fly Fishing), que é a modalidade que mais me identifiquei, me especializei e que mais pratico atualmente.


O Despertar pela Pesca com Mosca


O meu despertar pela pesca com mosca foi como a grande maioria das pessoas que eu conheço. A primeira vez que eu vi alguma cena de Fly foi através do filme “Nada é para sempre”. Foi paixão à primeira vista. Quando eu vi aquela linha de Fly “bailando no ar” senti logo o interesse em conhecer a modalidade. A adrenalina transmitida pelo ator Brad Pitt ao descer rio abaixo em busca de seu peixe na ponta da linha me fez querer sentir a mesma sensação.


Imediatamente eu fui até a loja mais próxima de casa (O Pirangueiro) e lá havia o famoso “Combo Martin”, que é um kit de equipamento de Fly bem básico. O Xandinho, vendedor e dono da loja, foi até a calçada na frente da loja e me mostrou alguns arremessos. No mesmo dia eu já estava no clube Círculo Militar dando meus primeiros arremessos.


Naquela época (2003), ainda com internet discada, o acesso a informações referentes à pesca com mosca era muito escasso e difícil de ser encontrado aqui no Brasil. Eu fui aprendendo do jeito que podia, sendo autodidata nos arremessos e outras técnicas da modalidade.


Muita coisa que eu aprendi foi através do Fórum Fly Fishing Brasil (FFB), que promovia, além de dicas e técnicas, discussões, relatos de pescarias e encontros de pescadores de Fly de todo o Brasil. Foi durante esses encontros que pude me conectar com outros pescadores de mosca e compartilhar experiências na modalidade.


Muitos consideram a pesca com mosca como o “último estágio” da pesca esportiva. De fato, essa é a modalidade que mais me fascina desde então e a que eu mais me dedico. Por muito tempo já cheguei a pescar exclusivamente de Fly, tendo deixado outras modalidades temporariamente de lado. Ultimamente, eu tenho pescado com o que mais me dá vontade no momento, sem me restringir ou me limitar à prática de uma única e específica modalidade.


Seguindo a Chamada da Pescaria


Ao longo dos anos, o meu fascínio pela prática desse esporte foi sempre aumentando de forma que após passar por uma experiência frustrada de se formar como Técnico em Mecatrônica, atuar na área e não sentir que estava fazendo o que gostava, busquei algo que pudesse me satisfazer profissionalmente.


Em um Guia de Profissões, tomei conhecimento da existência de um Curso Universitário de Engenharia de Pesca. Já que o meu hobby favorito é a pesca, por que não fazer disso o meu ganha pão?


Fiz o ENEM (2011) e fui aprovado no curso de Engenharia de Pesca oferecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife-PE.


Naquela época haviam poucos cursos de Engenharia de Pesca no Brasil, grande parte deles concentrados na Região Norte e Nordeste. Como não havia ainda o referido curso no Estado de São Paulo, o qual eu vivia, minhas alternativas estavam entre Toledo-PR, Manaus-AM, Fortaleza-CE e Recife-PE. 


Em março de 2011, optei então por estudar em Recife (UFRPE), principalmente por ser o curso de Engenharia de Pesca pioneiro no Brasil, portanto, em teoria, o curso mais completo e desenvolvido até então. 


Por sorte, ou “ironia do destino”, Recife me abriu portas inimagináveis desde então. Naquela época, a minha escolha por esse curso era de trabalhar em fazendas de criação de peixes e/ou camarões, chegando um dia a ter a minha própria fazenda de cultivo. Cheguei a trabalhar em algumas fazendas, estágios e até mesmo com cultivo de salmão no exterior, mas o destino me reservava outra área de atuação, a qual eu ainda nem imaginava atuar. 

Pescando tarpon de caiaque no Recife

Na semana que cheguei em Recife para realizar a matrícula no Curso de Engenharia de Pesca procurei alguém que pudesse me levar a pescar na região. Entrei em contato com o “100” (Sérgio Marchioni), que prontamente me levou para pescar de Caiaque no Rio Capibaribe.


O meu primeiro contato com os Tarpons no Fly foi inesquecível e foi amor à primeira vista. Diversa quantidade de Tarpons capturados no popper em uma manhã chuvosa a bordo de um caiaque me fizeram querer me aprofundar mais na técnica desse peixe magnífico e altamente esportivo.


Lá estava eu de caiaque, todos os dias cuja maré era propícia, capturando tarpons no fly a bordo de meu caiaque no Rio Capibaribe. Era uma pescaria muito simples e prática. Muitas vezes levava o caiaque, um conjunto de FLY e 3 ou 4 poppers no bolso para passar o final da tarde pescando no rio, após as aulas da faculdade.


As Experiências de Pescar em Outros Territórios


Em 2012 eu consegui comprar meu primeiro carro e as pescarias de caiaque começaram a se expandir para outros rios, explorando rios e represas da região, como o Rio Ipojuca, Rio Jaboatão e a Barragem de Duas Unas. Tudo isso contribuiu para a minha formação e conhecimento como Guia de Pesca Esportiva que viria acontecer mais na frente.


Foi nessa época também que eu conheci o Rafael Monteiro, criador do Grupo @Tarpon_Brazil, a quem eu devo grande parte do meu conhecimento de pontos de pesca e de tarpons na região.


Em 2016, pouco tempo após retornar de uma experiência de intercâmbio na Irlanda, promovida pelo Programa Ciências Sem Fronteiras, avistei um anúncio no Facebook onde buscavam uma pessoa que tivesse conhecimento na modalidade de FlyFishing e que soubesse falar Inglês fluente.


Eu já com uma boa bagagem de experiência na modalidade e com o inglês ainda “na ponta da língua”, recém chegado de uma vivência de mais de 1 ano no exterior, me candidatei e logo fiz a entrevista para tal vaga.


“Nos vemos na próxima temporada”, me disseram no final da entrevista. Foi assim que em agosto de 2016 as portas se abriram para a minha trajetória profissional como Guia de Pesca Esportiva especializado em Pesca com Mosca. A minha primeira experiência foi guiando no Rio Marié, o Rio de Gigantes, através da empresa Untamed Angling.

Guia de Pesca

Foram 5 meses guiando e consolidando minha base profissional em áreas remotas da Amazônia, levando estrangeiros para pescar em uma área de reserva inserida em terras indígenas da Região do Alto Rio Negro.


O Primeiro Barco e a Fundação do Recife Tarpon


Quando retornei dessa experiência, com algum dinheiro no bolso e muita disposição, não pensei duas vezes em comprar uma embarcação e começar a promover a pesca esportiva de Tarpons na cidade de Recife-PE.


Naquela época não havia ninguém que atuava como guia de pesca na região. Eu sempre soube do tamanho do potencial para desenvolver essa atividade, mas na condição de estudante, me faltava recursos para adquirir o básico necessário para o início dessa atividade, que seria uma embarcação motorizada.


Assim, em 2016 consegui fundar a Recife Tarpon, com o principal intuito de promover e proporcionar aos brasileiros uma pescaria urbana de tarpons prática, eficiente e acessível, já que antes era preciso que o público brasileiro desembolsasse uma boa quantidade de dólares para pescar tarpons em outros países.


De lá para cá, pude atuar durante os períodos de baixa temporada no Recife (inverno) como Guia Especializado em Pesca com Mosca em diversos destinos consagrados na Amazônia como o Rio Marié, Kendjam, Xingu, Roosevelt e Guariba, possuindo algumas boas temporadas amazônicas como bagagem complementar ao meu trabalho contínuo de Pesca Esportiva em Pernambuco, Paraíba e região nordeste


Os anos foram se passando desde a fundação da Recife Tarpon e fomos nos consolidando como empresa e serviços oferecidos. Em 2018 comprei o meu segundo barco e em 2020 o terceiro, aumentando assim a nossa frota de embarcações.


Já estamos em nossa 8ª temporada, com 4 barcos à disposição. Celebrando 8 anos consecutivos de atuação na pescaria esportiva de Tarpons em Pernambuco e região, sempre buscando novos destinos de pesca de tarpons e outros peixes esportivos, aumentando também o número de guias profissionais especializados na pesca de tarpons.


Em relação ao meu curso de Engenharia de Pesca citado anteriormente, me formei em 2018 e posso dizer que permaneço em Recife exclusivamente por conta dos tarpons e minha escolha profissional como Guia de Pesca, uma vez que minha família continua morando em Campinas-SP e eu poderia ter retornado após a conclusão do curso que me levou até Recife. 


O ano é 2024 e a minha saga em busca de novos destinos e grandes tarpons no Brasil para oferecer a clientes do mundo todo continua. Esses foram alguns marcos importantes na minha carreira profissional e trajetória de vida que eu compartilho aqui neste blog.


Aqui, irei trazer continuamente conteúdos mais aprofundados e detalhados de muitos desses marcos além de diversas experiências cotidianas vividas a bordo e na prática!


Fiquem Ligados!


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